O filme se repetiu mais uma vez. Pela terceira vez seguida em um intervalo de três anos, o Palmeiras recorreu a um técnico que fez história e foi vencedor no clube para tentar ganhar títulos. E o roteiro foi parecido em dois deles: o técnico conseguiu uma conquista, mas o futebol apresentado não foi suficiente para dar continuidade ao trabalho e o treinador acabou demitido após uma sequência de maus resultados.
Primeiro foi Cuca. Campeão brasileiro em 2016, saiu no final do ano devido a um desgaste com o elenco. Mas retornou em maio do ano seguinte, após a demissão de Eduardo Baptista. O desempenho acabou não sendo o mesmo e ele caiu novamente em outubro, dando lugar a Alberto Valentim.
Em 2018, o Palmeiras repetiu a tentativa de resgatar o passado com Felipão. O técnico campeão da Libertadores em 1999 e ídolo da torcida voltou ao clube com respaldo da torcida pelo histórico vencedor. Mesmo em um estilo de jogo conservador, com muita ligação direta e cruzamentos para a área, o time engrenou uma sequência de vitórias e assumiu a liderança, conquistando o Brasileirão há dois anos. Em 2019, a distância na liderança para o Flamengo no nacional e a eliminação para o Grêmio na Libertadores derrubaram o veterano treinador.
Para 2020, o presidente Maurício Galiotte prometeu que era hora de mudar o estilo de jogo. Negociou com Sampaoli, mas mais uma vez optou por olhar para trás e tentar resgatar o passado vitorioso: chegou Vanderlei Luxemburgo, campeão brasileiro em 93 e 94 e paulista em 93, 94, 96 e 2008. O time nunca jogou o potencial que o elenco oferece sob seu comando. Conquistou o Campeonato Paulista nos pênaltis em uma final de baixo nível técnico com o Corinthians e, após vários empates e atuações inconstantes, foi demitido com três derrotas seguidas e o sétimo lugar na tabela do Brasileirão.
HORA DE MUDAR
Depois das experiências com medalhões e técnicos vitoriosos no passado, chegou a hora do Palmeiras mudar e trazer ideias novas e mais conectadas com o futebol jogado atualmente no Brasil e no mundo. Vanderlei Luxemburgo tem história, mas desde o Brasileirão de 2004, com o Santos, não faz um trabalho de destaque.
Apostar em técnicos veteranos, os chamados “medalhões”, sempre foi mais fácil para os dirigentes. Esses treinadores protegem o grupo de jogadores e funcionam como “escudo” para o presidente. Ao trazer um novato, é necessário dar respaldo e que a direção banque o comandante em caso de resultados ruins.
O momento atual do futebol brasileiro mostra que é hora do Palmeiras mudar a filosofia. O Flamengo foi campeão brasileiro no ano passado com um futebol de encher os olhos e sob o comando de um estrangeiro, o português Jorge Jesus. Os três líderes do Brasileirão 2020 (Atlético Mineiro, Flamengo e Internacional) são times comandados por técnicos estrangeiros. O futebol atual pede treinadores atualizados, estrangeiros ou não, que sejam capazes de dar bons treinamentos e fazer o time desenvolver um futebol de qualidade.
Os veteranos motivadores, bons de grupo, estão ficando cada vez mais para trás. Há uma mudança de rumo no futebol brasileiro. E o Palmeiras, se quiser ser competitivo e brigar por títulos, vai ter que acompanhar essa mudança. Olhar apenas para o passado vitorioso, ao que parece, não será mais o bastante.
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