O Leicester campeão da Premier League ou o Monaco e o RB Leipzig semifinalistas da Liga dos Campeões são bonitas histórias de trabalhos bem feitos por clubes de menor porte e que encantam os torcedores e a imprensa, mas não agradam nem um pouco as grandes potências do futebol europeu. Quando Liverpool, Real Madrid ou Juventus deixam de ser campeões nacionais ou não alcançam as fases decisivas da Champions League são “rios” de dinheiro que não entram nos cofres dos clubes.
Há alguns anos, são várias as notícias de que as potências europeias estão querendo se fechar em uma competição restrita, que garanta aos times milionários um número maior de jogos entre si e o maior faturamento possível.
A última notícia, que surgiu durante essa semana na Sky Sports britância, é que os ingleses Liverpool e Manchester United, que estão tentando mudanças no Campeonato Inglês para que a competição dê mais privilégios aos times poderosos, articulam com outros gigantes europeus a criação da Premier League europeia, um torneio que reuniria como participantes fixos times das cinco principais ligas de futebol do velho continente: Inglaterra, Espanha, Itália, França e Alemanha. A ideia inicial é ter pelo menos 18 equipes e que o torneio tenha uma fase de pontos corridos e mata-mata. Seriam investidos 6 bilhões de dólares para a criação da competição.
Para poder colocar essa ideia em prática, os clubes contariam com o aval da FIFA, o que seria fundamental, pois a criação de uma liga “pirata” pode impedir que os jogadores desses clubes disputem a Copa do Mundo.
Dinheiro é o que importa
A atual Champions League tem metade das vagas na fase de grupos ocupadas por times que ficam nas quatro primeiras colocações nos campeonatos inglês, espanhol, italiano e alemão, que são os quatro principais. Entretanto, isso nem sempre é suficiente para garantir as superpotências no torneio continental, em virtude da competitividade e do pouco número de vagas disponíveis nos campeonatos nacionais.
Com a nova superliga, com participantes fixos, esses clubes sempre estariam disputando um torneio continental, independentemente do desempenho no campeonato nacional, e garantiriam, assim, um faturamento em uma competição além das disputas domésticas. Com um grande número de jogos e partidas sempre entre grandes clubes, o poder de arrecadação do torneio tende a ser alto.
A pandemia de coronavírus também traz seus agravantes e faz os times pensarem em novas fontes de receitas. Na Champions League passada, a necessidade de realizar a fase final em jogos únicos fez com que parte dos direitos de transmissão fossem devolvidos e estima-se uma perda de 6 bilhões de dólares no futebol europeu.
Para a FIFA, a ideia de apoiar uma nova competição de clubes não é ruim, visto que o Mundial de Clubes que a entidade organiza não emplacou e um novo mundial, com 24 clubes, será disputado.
De tudo isso, uma coisa parece bem clara: para os executivos dos grandes clubes não é interessante a democratização do futebol e ter pequenos e médios brigando com Real Madrid, Liverpool, Juventus, Bayern de Munique e outros desse porte pelos principais títulos. O poder do futebol europeu deve permanecer na mão de poucos: aqueles que têm maior quantidade de dinheiro.
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