O ex-treinador rubro-negro, Rogério Ceni, foi demitido de seu cargo após oito meses de trabalho à frente do Flamengo. A demissão ocorreu oficialmente na madrugada de sexta (9) para sábado (10), às 2h45 da manhã, pela conta oficial do clube carioca no Twitter.
Números da Campanha
As decisões de Ceni são discutíveis, mas seus números mostram uma eficiência invejável ao longo de sua trajetória no Ninho do Urubu. Ao todo, Ceni comandou 45 jogos, com 23 vitórias, 11 empates e 11 derrotas. As estatísticas apontam que o trabalho do ex-treinador teve, em média, 59% de aproveitamento.
Para se ter uma ideia, Domènec Torrent teve um percentual de aproveitamento maior (62%), no entanto seu período no comando do time não rendeu títulos e, taticamente, possuía uma defesa bem mais vazada.
Domenèc permaneceu no clube ao longo de três meses, totalizando:
- 23 jogos
- 13 vitórias
- 4 empates
- 6 derrotas
- 38 gols marcados
- 36 gols sofridos
E com isso, podemos notar que a principal missão de Ceni logo no início de seu cargo foi melhorar o sistema defensivo rubro-negro. Porém, o que ele de fato aprimorou foi o índice de gols. Foram 86 gols marcados contra 55 sofridos. Em média, o ex-treinador goleava quase duas vezes por partida (1,9), na medida que sofria 1,2 gols.
Cabe destacar que nos oito meses que esteve na função técnica, Ceni foi vencedor de três títulos de destaque. Isso significa que ele conquistou um troféu a cada 15 jogos.
Legado
O maior diferencial de Ceni foi sua capacidade de conquistar títulos. Jorge Jesus certamente abriu um caminho irreversível de taças consagradas pelo clube (Libertadores, Copa do Brasil, Brasileiro e Carioca), no entanto, o português tinha um calendário mais flexível e peças de grande nome a seu favor.
Apesar do elenco, que permaneceu quase semelhante ao de Jesus, as condições pelas quais Rogério assumiu o Flamengo eram um pouco mais adversas. A pressão da continuidade de um trabalho conturbado exigiu resultados mais rápidos e o que aconteceu foram eliminações inesperadas.
Logo que assumiu o clube, Ceni tinha a pressão de classificar o time para três campeonatos de grande expressão e acabou sendo eliminado de dois deles: Libertadores (derrota para o Racing nos pênaltis) e Copa do Brasil (derrota para o São Paulo nos dois confrontos das quartas de final).
O trunfo rubro-negro aconteceu graças à solidez ofensiva do Campeonato Brasileiro. Os deslizes do Tricolor Paulista também favoreceram a conquista do campeonato de pontos corridos, mas o papel de Ceni como administrador técnico foi precisa e classificatória.
Ele não apenas foi campeão brasileiro, como também, emplacou uma sequência de triunfos em cima do Palmeiras. Contra os palmeirenses, o Flamengo de Ceni realizou dois confrontos vitoriosos. Na segunda partida, o ‘Mengão’ levantou a taça da Supercopa.
Impactos negativos
A falta de empatia com a torcida, sem sombra de dúvidas, é sempre um fator decisivo na permanência de um profissional em um clube. Pois bem, com o ex-técnico não foi diferente. A insatisfação, independente do resultado, sempre esteve presente nas críticas da torcida.
Quem o conhece sabe que sua personalidade não é das mais simpáticas no meio futebolístico. Desde a época em que era goleiro, Ceni nunca foi do tipo ‘boleiro’ e sempre levou sua carreira através do pragmatismo de suas convicções profissionais.
O torcedor rubro-negro sempre sentiu uma certa desconfiança com as decisões de Rogério. Isso porque em boa parte das partidas havia uma caída de rendimento do elenco sempre no segundo tempo.
As falhas da defesa também eram imperdoáveis e incomodavam mesmo com a vitória nos duelos. Resultados terminados em 2×1, 3×2 e 1×0 não agradavam a torcida flamenguista.
Transição Técnica
Mas sua saída aconteceu, entre outros fatores, pelo anseio do Flamengo ter em seu comando Renato Gaúcho. Há um bom tempo Renato almeja o cargo, no entanto as oportunidades dificilmente se encaixavam para isso. A Diretoria até tentou outras vezes fechar um contrato, mas isso só se concretizou agora com a saída de Ceni.
O ex-jogador já demonstrou diversas vezes apreço pelo time e que essa seria sua grande realização na carreira. Diferente de Ceni, ele é tem uma personalidade muito característica de vestiário.
“Ninguém é mais malandro que o Renato”, esse é o lema que será guiado pelo treinador para entrar na mente dos jogadores e ao que tudo indica, a identificação dos atletas com este estilo ‘boleiro’ pode dar muito certo.
Quanto ao Rogério, não faltarão oportunidades. Ele é um profundo conhecedor tático e técnico em seus trabalhos. Agora lhe caberá a tarefa de reavaliar algumas atitudes e ponderar suas próximas decisões.
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