FutebolSem categoria

Maradona: a despedida de um gênio

0
Morre Maradona aos 60 anos de idade

Esqueça comparações com Pelé e outras lendas do futebol. Maradona foi, de longe, uma das figuras mais marcantes do esporte mundial. Irreverente, polêmico, sincero, carismático e acima de tudo argentino. 

Neste texto, nos interessa apenas os bons momentos de sua carreira. Foram tantos que nos renderia mais de uma publicação. O menino franzino e baixinho do time juvenil do Argentinos Juniors, Los Cebollitas, se destacou tanto que precisou apenas de uma breve temporada pelo clube para ser requisitado ao Boca Juniors. 

Aos 17 anos, já despontava como profissional pelo Argentino Juniors –
(Reprodução: Twitter)

Desde criança, como todo humilde cidadão latino-americano, seu sonho era ser jogador de futebol e atuar na seleção de seu país. Por ironia do destino, sua ambição foi mais além e por intermédio de forças sobrenaturais quisera o tempo que ele se tornasse o “mais humano dos deuses”.

Sua campanha em La Bombonera lhe rendeu até uma estátua na frente do estádio e uma cadeira cativa ao lado da torcida “La 12”. Com propostas promissoras da Europa, rapidamente foi transferido ao Barcelona, clube que atuou durante dois anos (1982 -1984). 

Mas somente em 1984, Diego iria se tornar um verdadeiro “Dios” para seus torcedores, com uma passagem magistral pelo Napoli (1984 – 1991). O time napolitano tem tanta gratidão por Maradona que hoje, horas depois do anúncio de sua morte, o prefeito de Nápoles decide homenageá-lo com o nome do estádio do clube.

Recepção dos jornalistas com sua chegada ao Napoli (Reprodução: Twitter)

Ovacionado pelo público pela genialidade de seus dribles e jogadas únicas, Maradona também foi exemplo na luta representativa de seu povo. Diego era apaixonado pelas pessoas e se solidarizou diante das repressões sofridas pelos seus. 

Declaração do prefeito de Nápoles em homenagem à Maradona
(Reprodução: Twitter)

Ele tinha ciência do tamanho de sua voz, embora medisse 1,65 de altura. O planeta parou para admirá-lo em 1986, quando o camisa 10 reservou toda sua audácia para conquistar uma Copa do Mundo pela Argentina. Sua ousadia foi tanta que até um gol de mão passou a ser imortalizado. 

Anos mais tarde, quando questionado sobre o gol que lhe rendeu o apelido de “La Mano de Dios”, o meia argentino teria respondido: “Se fosse contra qualquer outra seleção, o árbitro poderia intervir, mas foi contra a Inglaterra, quer revanche melhor que esta?”. 

Se descontextualizada, sua resposta poderia ser alvo de ataques e críticas negativas ao craque. Contudo, naquele período a Argentina ainda guardava mágoas pela derrota da Guerra das Malvinas, um conflito político e territorial com a Inglaterra ocorrido em 1982.

Simbolicamente, o confronto entre ambos representava mais que uma simples classificação para a final do torneio de Copa do Mundo. Para Maradona era a chance de resgatar o orgulho da população que, até 1983 era vítima de uma brutal ditadura. 

Maradona levanta a taça da Copa do Mundo de 1986, logo após vitória contra a Alemanha Ocidental (Reprodução: Twitter)

O sorriso, a garra, a malandragem e o espírito coletivo fizeram daquele time, um marco de felicidade e resistência para os cidadãos argentinos. Os hermanos viram nele, um líder carismático, uma persona exemplar perante as futuras gerações.

Esta e muitas outras narrativas compõe a jornada do herói que jamais se calou diante das injustiças sociais. Um refém das drogas é verdade, mas como diz a canção La Mano de Dios, de Rodrigo Bueno : “Si Jesús tropezó, por qué él no habría de hacerlo?” 

Talvez a morte do camisa 10 argentino retrate a perda de um sujeito nobre, simples, cativante e combatente. Um bandido de sorrisos, um poeta da bola, um defensor da soberania da América do Sul. Contraditório, problemático, intenso, herói e vilão. Amigo daqueles que não tem voz, por se identificar com quem assim como ele ascendeu vindo da pobreza.

Don Diego Armando Maradona é a identidade da essência latina. Fez das quatro linhas, seu gigantesco palco. Agora o show continua, sem a presença do protagonista, mas com um enorme legado deixado aos amantes da bola.

Si me muero, quiero volver a nacer y quiero ser futbolista. Y quiero volver a ser Diego Armando Maradona. Soy un jugador que le ha dado alegría a la gente y con eso me basta y me sobra” – Diego Maradona.

A temporada perfeita para volta por cima. Do Tottenham e de Mourinho

Anterior

Maradona: entidade divina ou eterno camisa 10?

Próximo

Você também pode gostar de

Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

More in Futebol