Quando o Grêmio anunciou o retorno de Renato Gaúcho ao comando do clube, em setembro de 2016, muita gente se surpreendeu e olhou com desconfiança. Eu mesmo fui um deles. O ex-jogador, um dos maiores ídolos do Grêmio, tinha como principal trabalho na carreira como técnico até então o título da Copa do Brasil de 2007 pelo Fluminense.
Pois Renato superou a desconfiança e calou os críticos de forma inquestionável. Aproveitando o trabalho realizado anteriormente por Roger Machado e adicionando suas ideias e seu espírito de liderança, somados ao velho estilo boleiro, levou o Tricolor aos títulos da Copa do Brasil em 2016 e da Libertadores em 2017 jogando um futebol técnico e ofensivo, que tinha a segurança defensiva de Kannemann e Geromel, o passe refinado de Maicon e os gols decisivos de Everton Cebolinha e Luan.
O tempo passou, os jogadores campeões foram envelhecendo e/ou saindo do clube e novos atletas chegando. Kannemann e Geromel já não trazem a mesma segurança defensiva. Maicon não tem mais a mesma intensidade no meio-campo os 90 minutos e Everton Cebolinha foi para o Benfica. O Grêmio nunca mais conseguiu, sob o comando de Renato Gaúcho, repetir o bom futebol e as conquistas alcançadas em 2016 e 2017.
Na Libertadores, duas eliminações categóricas para times brasileiros, com direito a goleadas na segunda partida: 5 a 0 para o Flamengo em 2019 e 4 a 1 para o Santos em 2020.
No Campeonato Brasileiro, o treinador vem sendo questionado desde a época em que conquistou os títulos da Copa do Brasil e da Libertadores por deixar de lado o campeonato de pontos corridos, colocando time reserva em várias partidas, para priorizar o mata-mata. Com isso, o Grêmio deixa de brigar pelo título brasileiro que não conquista desde 1996, quando bateu a Portuguesa na decisão.
Outro ponto que chama atenção é a aposta em jogadores que não deram o retorno esperado. Conhecido por “recuperar” o desempenho de atletas em baixa, Renato Gaúcho apostou durante sua passagem atual como técnico do Grêmio em jogadores como André, Hernane Brocador, Thiago Neves e Robinho (ex-Cruzeiro), mas nenhum deles trouxe o retorno esperado. As grandes estrelas da equipe e que resolvem as partidas são garotos revelados na base, como Jean Pyerre e Pepê.
A impressão é de um fim de ciclo. Renato não tem muitas explicações sobre as más atuações do time nas entrevistas coletivas e apela para clichês e frases feitas. Contestar o trabalho do ídolo sempre foi muito difícil dentro do Tricolor Gaúcho. Mas uma uma mudança de atitude da diretoria e do time, com ou sem Renato, será necessária para o Grêmio se recolocar nos eixos e voltar a brigar pelos principais títulos nacionais e internacionais.
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