Nos últimos anos, as ideias de inclusão, diversidade e direitos humanos, inegavelmente, ganharam força em várias áreas da sociedade, como o cinema, a música e até mesmo o esporte. De tal forma que até mesmo a Fórmula 1 entrou na onda, criando o programa Girls on Track, que estimula meninas a correrem; e permitindo equipes pintarem arco-íris em seus carros.
Entretanto, todas estas ideias bonitas desaparecem quando entra dinheiro na jogada. E assim como acontece no cinema, a música, acontece também na Fórmula 1.
Nesta quinta (5 de novembro), a Fórmula 1 anunciou que, em 2021, correrá na Arábia Saudita. Mais precisamente, num circuito de rua em prova noturna. E qual é o problema? A inclusão do país viola tudo o que a categoria vem promovendo.
Para começar, o país é uma monarquia absolutista. Ou seja, a palavra do rei é a lei. O país também proíbe qualquer religião que não seja o islamismo e censura a imprensa, visto o caso de Jamal Khashoggi, jornalista assassinado dentro da embaixada saudita na Turquia.
Os sauditas podem até usar o argumento de que mulheres ganharam alguns direitos recentemente, como o de dirigir. Migalhas. Apenas para inglês (e o resto do mundo) ver. Exatamente igual aos políticos brasileiros que dão dinheiro para a população para depois dizer que a renda média dos brasileiros aumentou.
Não é o único caso de hipocrisia
Não é novidade a Fórmula 1 ignorar violações de direitos humanos. A categoria correu na Argentina durante uma das ditaduras mais cruéis da América Latina, assim como também realizou provas na África do Sul durante o apartheid.
Entretanto, esta é a primeira vez que a Fórmula 1 promove ideias de inclusão e igualdade. Se a coerência existisse, não haveria corrida na Arábia Saudita. No entanto, existe outro país que recebe a categoria e viola os direitos humanos de forma frequente. Este país é a China.
Segundo a ONG Dui Ha, que monitora os direitos humanos na China, existem mais de 7 mil prisioneiros políticos no país. Sem contar as repressões contra os uigures (povo que vive no leste do país), contra os tibetanos e contra Hong Kong. E vale lembrar que a pandemia de COVID-19 tem como principal culpado o governo chinês
Entretanto, nada disto interessa para a Fórmula 1, que corre lá desde 2004. E vai correr na Arábia também. E assim segue a hipocrisia.
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