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F1, NBA e Champions: um 2020 histórico na luta contra o racismo

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Pierre Webó foi vítima de injúria racial na Champions League. Foto: Reprodução/Facebook.

Combater o racismo no esporte é complexo. A questão sempre foi minimizada. Nunca houve políticas e ações concretas por parte das organizadoras dos campeonatos para que isso parasse de acontecer. Tudo sempre se resumiu às placas de publicidade e aos patches nos uniformes dos jogadores com os dizeres “say no to racism”.

Os negros que reclamam são rebeldes e merecem punição. Eles sempre tiveram que apanhar e aguentar calado. Sem direito a protesto. Mas parece que 2020, o ano histórico que tirou a torcida dos estádios e ginásios por causa de um vírus e levou em duas semanas os heróis das Copas do Mundo de 1982 e 1986, também pode ser histórico no início de uma virada na luta contra o racismo.

Os ídolos atuais do esporte agora desafiam as regras que proíbem manifestações políticas e usam seu momento de glória não só para comemorar uma vitória ou um título, mas também para chamar a atenção em causas. Foi o que fez Lewis Hamilton, que durante os pódios da temporada da Fórmula 1 usou camisetas com os dizeres “Black Lives Matter” e cobrando prisões de policiais americanos acusados de matar negros nos Estados Unidos.

E, quando se sentiram ofendidos, os negros passaram a reagir à violência sofrida, demonstrando apoio, solidariedade e cobrando das entidades organizadoras alguma atitude mais enérgica. Seja porque a injúria ocorreu com ele ou com outros negros.

O primeiro caso de destaque foi em agosto, na NBA, quando os jogadores boicotaram toda uma rodada dos playoffs em apoio aos protestos contra a violência policial nos Estados Unidos, que começaram após a morte de George Floyd, estrangulado por um policial branco.

Os jogos foram retomados após reuniões entre os atletas e a direção da Liga, na qual ficou acordado ações efetivas de combate ao racismo.

LeBron James é uma das vozes mais ativas da NBA no combate ao racismo. Foto: Reprodução/Facebook.

RACISMO NA CHAMPIONS

O outro caso de forte resposta à violência racial que marcará para sempre esse ano de 2020 ocorreu na última terça-feira (8), no confronto entre PSG e Isntanbul Basaksehir-TUR pela Champions League. O quarto árbitro da partida, o romeno Sebastian Colţescu, teria se referido a um membro da comissão técnica do time turco, o camaronês Pierre Webó, como “aquele negro”.

A partir daí ele, os companheiros de time, principalmente o atacante senegalês Demba Ba, e os jogadores do PSG se revoltaram contra a atitude e deixaram o campo. O momento marcante foi quando Demba Ba diz para o agressor, de forma didática “você nunca diz aquela aquele cara branco. você diz aquele cara. Então, por que você diz esse cara negro?”.

O jogo foi retomado no dia seguinte e o PSG venceu por 5 a 1, com três gols de Neymar.

Claro que o racismo no esporte vai continuar existindo e, infelizmente, novos casos tristes como esses podem acontecer. Mas, aos poucos, os negros estão ganhando voz e começando a reagir à violência sofrida. As entidades, encurraladas, terão que mudar as políticas das competições e combater de verdade o racismo. E os racistas pensarão duas vezes antes de colocar toda sua ignorância para fora.

Foi um pequeno, mas, quem sabe, importante passo no combate a algo tão sórdido e nojento. Que 2020 possa ser histórico pelo menos por um bom motivo.

Demba Ba (à direita, de gorro) cobra o quarto árbitro por injúria racial. Foto: Reprodução/Facebook.

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