A grande polêmica do final de semana dos dias 19 e 20 de setembro no esporte brasileiro envolveu mais uma vez a mistura do esporte com a política. Dessa vez, a jogadora de vôlei de praia Carol Solberg aproveitou o momento dos agradecimentos após conquistar, ao lado da parceira Talita, o terceiro lugar na etapa de Saquarema do Circuito Brasileiro da Modalidade para gritar “Fora Bolsonaro”. A frase foi dita ao vivo para todo o Brasil no Sportv.
A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) reagiu com uma nota dizendo “expressar de forma veemente o seu repúdio sobre a utilização dos eventos organizados pela entidade para realização de quaisquer manifestações de cunho político”. A comissão de atletas do vôlei demonstrou apoio à CBV e prometeu se esforçar para proibir os atletas de emitiram posicionamentos políticos.
É aí que começam a aparecer algumas contradições. Em setembro de 2018, durante a campanha política para as eleições, os jogadores Maurício e Wallace, da seleção masculina de vôlei de quadra, fizeram o número 17 com as mãos, em alusão ao número do então candidato à presidência Jair Bolsonaro. Na ocasião, a CBV disse que não compactua com manifestações de cunho político, mas apoia a liberdade de expressão dos atletas. Agora em 2020, segundo informações, Carol Solberg poderá ser até punida por seu ato.
A manifestação política sempre foi assunto polêmico no meio do esporte. As federações e confederações defendem que o atleta deve apenas se preocupar em competir e “esquecer” os protestos partidários ou mesmo de causas sociais, como o racismo. Mas, o mundo está em um processo de mudança. Lewis Hamilton grita a favor dos negros na Fórmula 1 e a NBA deixa de fazer jogos em protesto contra a violência policial nos Estados Unidos. Os atletas querem ser livres para protestar nos Jogos Olímpicos.
É preciso que quem vive no mundo do esporte tenha o direito de se manifestar sem a mordaça e/ou tratamentos diferentes das instituições que controlam o esporte ao redor do mundo. Carol Solberg pode dizer que não aprova o governo Bolsonaro. Assim como Maurício e Wallace têm direito de demonstraram apoio a ele na campanha e Felipe Melo, volante do Palmeiras, de dedicar seu gol na vitória do time contra a Chapecoense, em 2019, ao presidente da República.
Os atletas, assim como os demais cidadãos, são pessoas livres e fazem escolhas políticas de acordo com suas preferências. Podemos discordar e criticar. Mas temos o dever de respeitar. Independentemente da ideologia.
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